terça-feira, 25 de novembro de 2008

Número da sorte.

Existem várias formas de amar?
Acreditava eu que não. Amar é amar, ou se ama ou não se ama. Não existe o amar "mas não querer".. Pra mim, tudo sempre foi muito claro, muito simples. Se amo, amo. Se não amo, não amo e pronto.
Se amo, me entrego inteiro, completo, nem um fio de cabelo a menos. Não consigo amar senão entregando minha felicidade, assim, de bandeija, com o sorriso de orelha a orelha.
Mas, como tudo na vida, percebi que não estou certo.
Como se pode definir o amar então, senão o entregar-se sem receios, sem medos de se machucar?
Certa vez ouvi alguém falando que amor, no sentido literal da palavra, é só o de mãe pelo filho. Que o resto todo não é amor, é paixão grande, elevada a tão exponencial grandeza que se confunde com o amor.
Me pego pensando, então, se nunca serei capaz de amar. E, logo, já despacho esse pensamento da minha cabeça, com tamanha raiva que ele voa pra longe.
Claro que não! Todos amam, claro.
Existem aqueles que se entregam, se doam. Apostam todas as suas fichas no n° que acreditam ser o certo. "Você é o meu número". E pronto, a sorte está lançada.
Nesse caso, tem os que tem sorte e os que não tem. Para os sortudos, não consigo imaginar amor maior que esse. Aquele em que você não precisa ter receio do incerto, do desconhecido. Tudo vai dar certo, porque o n° apostado vai ser sempre seu.
Para os não tão sortudos - me considero um destes - a tristeza é grande, pois apostaste em algo que não te retornou o esperado. Ficam sem chão, sem conseguir pensar, o sorriso some e não há o que faça voltar. Mas, ainda assim, aqueles que apostam tudo nunca perdem a esperança de encontrarem o seu número. Aprendem a viver com as derrotas, esperando o dia em que possam falar, em definitivo, "você é meu número", e serem correspondidos à altura.
Fora desse grupo dos apostadores, existem os que não apostam em nada. Tomam o certo pelo incerto e ficam sempre no racionalmente correto para si. Vivem uma vida com a certeza de que o errar vai ser mínimo. Vivem amores, talvez, se os encontrar. Mas nunca vão ser tão intensos quanto os apostadores, isso não. Vivem, amam, riem, mas sempre vai lhes faltar algo. Nunca vão estar completo. E o que vai faltar é o que eles nunca vão poder ter: a intensidade de uma vida vivida com todas as dores e amores que ela pode lhe proporcionar.

Pra mim, não há dor maior do que a realidade de não ter vivido intensamente. Posso ser um apostador sem sorte, mas vivo com a certeza de que não me arrependerei, nunca, de ter deixado algo pra trás e não ter experimentado o viver, uma vez que seja.

Um comentário:

Marcelo Araujo disse...

Os únicos que realmente perdem são aqueles que nunca apostam. Se num dia você perde, no outro você pode escolher não jogar (e perder) ou jogar e correr o risco de perder. Talvez você ganhe, talvez não. O bom é começar apostando baixo, mas nunca jogar por jogar. E as chances são as mesmas pra todos os números. Sua razão vai dizer que se aquele número te fez perder uma vez, vai fazer você perder sempre. Mas se seu coração mandar você continuar apostando no mesmo número, então talvez essa seja a coisa certa a fazer. te amo!